A oficina preparatória de Iniciação ao Teatro que está sendo realizada nesta semana (5 a 9 de janeiro de 2015) tem apresentado alguns temas para o desenvolvimento dos alunos/atores em cena. Os conteúdos aplicados e discutidos vão de Augusto Boal a Stanislavsky, Viola Spolin a Brecht.
No primeiro dia, o professor Pawlo Cidade mostrou o sentido de "estar em cena" a partir do comando do diretor. "O que fazer?" "Por que fazer?" "Como fazer?" O Foco leva ao objetivo da cena. A concentração é fundamental em todo o processo de criação. Portanto, não basta "fazer" é preciso estar concentrado "no que fazer".
No segundo dia, o tema abordado foi o Subtexto ou pré-texto. O subtexto é fundamental na concepção da personagem. É o subtexto que elimina a mecânica, ou melhor, o ator-mecânico, o ator-decoreba, o canastrão. O subtexto é uma ferramenta extremamente valiosa para o ator. É o espaço vazio que existe no texto e deve ser estudado pelos acontecimentos que:
- Ocorreram antes com a sua personagem e podem ter influenciado a sua história dentro da peça;
- São indicados como fato concreto, que passou no decorrer da peça, mas não são mostrados no texto do papel;
- Não são indicados, mas decorrem da situação da peça, ocorreram ou podem ocorrer no futuro.
Segundo Jurij Alschitz, no seu livro "40 Questões para um papel" (Perspectiva 2012), "graças a esse trabalho, o ator amplia os limites do papel e obtém muito mais informações sobre ele."
No terceiro dia, gestos e gesticulação fizeram a ponte para o ato de "Contar" e "Mostrar" na cena. No teatro, o menos é sempre mais e o mais é sempre menos. Um gesto sutil, um olhar focalizado, uma gesticulação articulada dão um toque diferenciado no processo de criação. Daí o tema "Contar e Mostrar". Quando o aluno/ator conta demais, o papel perde sua naturalidade e os gestos mecânicos quebram toda a estética da criação.
No quarto dia, os alunos/atores entenderão como funciona e para que serve a "Marcação" em cena. Porque os movimentos e a movimentação devem ter um propósito. Nada no palco é gratuito. Toda movimentação tem um sentido. Andar como "uma barata tonta" ou "amassando o barro para Faraó" é sinal de insegurança do ator e ausência de direção cênica.
No quinto e último dia da oficina preparatória, haverá uma retomada dos temas anteriores e um direcionamento para a questão da "Fisicalização". O
termo "fisicalização"
- usado no trabalho de Viola Spolin - descreve a maneira pela qual o material é
apresentado ao jogador num nível físico e não verbal, em oposição a
uma abordagem intelectual e psicológica. A "fisicalização" propicia
ao jogador uma experiência pessoal concreta, da qual seu desenvolvimento
posterior depende, e dá ao professor e ao jogador um vocabulário de trabalho
necessário para um relacionamento objetivo. Clique aqui e saiba mais sobre FISICALIZAÇÃO.