Eu vejo o ator como centro do fenômeno teatral, pois será através dele que todas as outras coisas irão ganhar vida e sentido. Li, certa ocasião, que “a qualificação do ator é sempre proporcional ao número de combinações que ele possui em sua reserva de técnicas”. Em outras palavras, ele tem que buscar na essência de sua interpretação uma palavrinha mágica chamada “criatividade”. Um ator criativo é, por excelência, um ator que organiza seu material, seus elementos surpresas, suas saídas frente às situações-problema.
O diretor, neste processo, faz apenas o papel daquele que conduz ou que ainda aponta caminhos e ele, o ator, por si só, descobre e experimenta a multiplicidade de personagens que brotam de si.
A arte do ator é sutil. “Como toda arte é organização (produção, seleção e reprodução) de um material, a dificuldade e a especificidade da Arte do Ator residem no fato do mesmo ser o material e o organizador. Trabalhar sobre si mesmo é o alicerce da atuação”, acentua Meyerhold.
Meyerhold no ápice de suas pesquisas criou a teoria que denominou de biomecânica, recurso que, de maneira genérica, transformava o corpo do ator em uma ferramenta, um títere a serviço da mente. As atuações pelo método da biomecânica possuíam movimentos amplos, exagerados (mas não supérfluos) e tensos, incrivelmente tensos.
A capacidade comunicativa dos gestos e expressões, ou seja, a linguagem corporal, dentro da biomecânica, subjulgou a linguagem oral a ponto de muitas entonações serem feitas de forma quase que inflexível. Daí a necessidade do ator entender o seu corpo como mais um objeto de cena. Sua disposição em relação ao cenário tem importante papel como elemento de comunicação visual. Por estas razões, outros elementos típicos do teatro de Meyerhold, como a iluminação, cenário e figurino estilizados e antinaturalistas eram (e são) essenciais para o perfeito funcionamento da biomecânica.
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