Vamos entender um pouco mais sobre o Não-Movimento
Um
ator está tentando atravessar uma ponte. Ele interpreta um viajante que, depois
de uma longa caminhada, precisa cruzar uma ponte, velha, presa por cordas, com
tábuas quebradas ou estaladas. A ponte é longa. Tem quase duzentos metros de
extensão. Só uma pessoa pode passar por vez. O que separa a ponte de um lado a
outro da estrada é um abismo, profundo, que mal dar para enxergar o rio que
passa lá em baixo. O viajante respira fundo. Olha para a ponte, olha para o
abismo, olha para o outro lado da ponte. Ele começa a atravessar. As tábuas vão
estalando, parte da corda vai se rompendo. Surgem então várias indagações: a
ponte vai se quebrar antes mesmo do viajante chegar ao outro lado? Ele vai
cair? Ele vai conseguir?
Neste
momento, nasce então uma bipolaridade: de um lado, o ator (viajante, andarilho)
que não tem outra saída senão cruzar a ponte e seguir o seu caminho; do outro,
a plateia, que, silenciosa, assiste a tudo. A plateia vai junto com o viajante.
É neste momento que nasce o Não-Movimento. Ator e plateia se envolvem ao mesmo
tempo com o problema. A angústia de saber se ele vai cair ou não (ação da
plateia); e o desejo de transmitir esta angústia (ação do ator) criam esta
dualidade.
De
repente, no meio da ponte, o viajante pára. Ele olha para a frente: falta
pouco; ele olha para trás: há uma ansiedade para voltar. Este estado de
suspense deve haver sempre, se seque criar um Não-Movimento. Não é o simples
fato de parar, de congelar, que estaremos realizando este Não-Pensamento, pois,
no Teatro, mesmo parado, estamos atuando. Portanto, como bem afirma Viola
Spolin: “o objetivo é criar uma área de repouso, ou de não-pensamento, entre as
pessoas, exatamente no momento em que elas estão ocupadas com o diálogo e a
atividade no palco. Se for realizada corretamente, a energia explode por esta
área de repouso ou de não-pensamento e se expressa por meio do uso singular de
adereços, diálogo, intensifica relacionamentos de personagens e gera tensões
crescentes na cena”.
O
viajante olha fixamente para o outro lado. E, como se uma coragem súbita lhe
dominasse o espírito, ele corre, na tentativa de chegar o mais rápido possível
na outra margem. As cordas vão se partindo, as tábuas se transformam em
pedaços; o lado oposto se rompe, a ponte começa a cair. Desesperado, o viajante
se agarra às cordas que se partem; a ponte o joga de encontro ao abismo. É o
fim? “Alguns atores acham as palavras “silêncio”, ou “calma”, ou “espera”, mais
eficazes para atingir o sentimento físico, necessário para o exercício”, afirma
Viola. O viajante, pendurado pelas pontas que lhe sobraram, esforça-se para
subir os últimos metros que lhe restam até o outro lado. Neste momento,
conseguimos atingir o objetivo do exercício: “parar o pensamento conceitual e a
verbalização de relacionamento. (...) Ao manter ocupação completa no palco, a
preocupação de Não-Movimento desdobra a cena passo a passo”.
Não-Movimento
é Não-Pensamento.
OBS.: A aula do dia 04 de junho será com a professora Bianca, de Expressão Corporal. Não faltem. Teatro Municipal, às 19h00.
Olá Paulo, estou de volta ao mundo da internet, rsrs, ressuscitei!! Terá aula no dia 11? Aguardo resp. Grande abraço.
ResponderExcluirOBS.: Meu certificadooo!!!
rsrsrs, agora não tem como o senhor dizer que esqueceu... =D
Seja bem-vinda de novo! Levarei seu certificado no dia 18.
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