Cena do espetáculo "Capitães do Morro"
A Ligação das Cenas, em dramaturgia
clássica, é o princípio segundo o qual duas cenas que se seguem devem ser
ligadas pela presença de uma mesma personagem de uma cena ou outra, de modo a
que o palco nunca fique vazio.
Há quem distingue a ligação de
presença de uma personagem e a ligação que se faz pelo ruído “quando, ao ruído
que é feito em cima do teatro, um ator que realmente pôde ouvi-lo, acorre para
saber sua causa ou alguma outra razão, e não encontra mais ninguém”. A ligação
de fuga, segundo Patrice Pavis, é realizada quando uma “personagem sai de cena
no momento em que uma outra personagem entra, porque ela não deseja que esta a
veja ou lhe dirija a palavra.”
O que dizer então de um Psicodrama?
Onde as cenas nem sempre têm uma ligação e as idas e vindas da trama lembram o
flashback do cinema, recurso eficaz quando se quer falar do passado ou das
alucinações de uma personagem?
No espetáculo que estreiamos semana
passada, “Capitães do Morro”, recorri a esta técnica, o Psicodrama, criada na
medicina pelo médico romano Jacob Levy Moreno, que também criou o Sociodrama. O
Psicodrama é um exemplo de criatividade e dedicação à investigação psicológica
e social. Moreno foi um homem de ampla cultura e forte idéias religiosas e
filosóficas, amante do teatro e incansável investigador do homem e seus
vínculos, deixou-nos uma obra escrita e um movimento psicodramático que abrange
a América, Europa e Ásia.
Moreno trabalhava com teatro, porém
não com o teatro convencional. Criou um tipo de representação cujo objetivo era
estimular a criatividade dos atores e, no qual a peça era criada na hora pelos
atores, a partir de algum tema proposto no momento. Tudo era criação em grupo e
no exato momento em que estava ocorrendo. Era o Teatro da Espontaneidade. A
partir de um caso ocorrido no Teatro da Espontaneidade e que ficou conhecido
como "O caso Bárbara", afirma Vitoria Pamplona. Moreno percebeu o
potencial terapêutico do teatro e elaborou sua teoria de psicodrama, como ato
terapêutico. Bárbara era uma atriz da
companhia de teatro espontâneo de Moreno e na hora de se criarem os
papéis, assumia sempre os papéis de pessoa meiga e bondosa.
Eu trabalho estas questões em
Capitães do Morro. A partir de agosto faremos apresentações para escolas
públicas e particulares e iremos instigar os alunos ao debate, sobretudo
quando, involuntariamente fazemos escolhas que podem mudar nossas vidas para
sempre.
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