"O ator curioso é aquele que investiga, ler e descobre a historicidade de cada personagem por ele criado." Pawlo Cidade

sábado, 23 de junho de 2012

A LIGAÇÃO DAS CENAS (Para Meditar)


Cena do espetáculo "Capitães do Morro"
A Ligação das Cenas, em dramaturgia clássica, é o princípio segundo o qual duas cenas que se seguem devem ser ligadas pela presença de uma mesma personagem de uma cena ou outra, de modo a que o palco nunca fique vazio.

Há quem distingue a ligação de presença de uma personagem e a ligação que se faz pelo ruído “quando, ao ruído que é feito em cima do teatro, um ator que realmente pôde ouvi-lo, acorre para saber sua causa ou alguma outra razão, e não encontra mais ninguém”. A ligação de fuga, segundo Patrice Pavis, é realizada quando uma “personagem sai de cena no momento em que uma outra personagem entra, porque ela não deseja que esta a veja ou lhe dirija a palavra.”

O que dizer então de um Psicodrama? Onde as cenas nem sempre têm uma ligação e as idas e vindas da trama lembram o flashback do cinema, recurso eficaz quando se quer falar do passado ou das alucinações de uma personagem?

No espetáculo que estreiamos semana passada, “Capitães do Morro”, recorri a esta técnica, o Psicodrama, criada na medicina pelo médico romano Jacob Levy Moreno, que também criou o Sociodrama. O Psicodrama é um exemplo de criatividade e dedicação à investigação psicológica e social. Moreno foi um homem de ampla cultura e forte idéias religiosas e filosóficas, amante do teatro e incansável investigador do homem e seus vínculos, deixou-nos uma obra escrita e um movimento psicodramático que abrange a AméricaEuropa e Ásia.

Moreno trabalhava com teatro, porém não com o teatro convencional. Criou um tipo de representação cujo objetivo era estimular a criatividade dos atores e, no qual a peça era criada na hora pelos atores, a partir de algum tema proposto no momento. Tudo era criação em grupo e no exato momento em que estava ocorrendo. Era o Teatro da Espontaneidade. A partir de um caso ocorrido no Teatro da Espontaneidade e que ficou conhecido como "O caso Bárbara", afirma Vitoria Pamplona. Moreno percebeu o potencial terapêutico do teatro e elaborou sua teoria de psicodrama, como ato terapêutico. Bárbara  era uma atriz da companhia de teatro espontâneo de Moreno e na hora de se criarem os papéis, assumia sempre os papéis de pessoa meiga e bondosa.

Eu trabalho estas questões em Capitães do Morro. A partir de agosto faremos apresentações para escolas públicas e particulares e iremos instigar os alunos ao debate, sobretudo quando, involuntariamente fazemos escolhas que podem mudar nossas vidas para sempre.

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