"O ator curioso é aquele que investiga, ler e descobre a historicidade de cada personagem por ele criado." Pawlo Cidade

sexta-feira, 13 de julho de 2012

TEATRO É...



Às vezes eu paro e penso: de onde vem meu fascínio pelo Teatro? Não tenho nenhum registro de algum membro da família que tenha participado de um grupo ou feito alguma peça na escola. Sei apenas que meu bisavô gostava de escrever. E como gostava. O poema de Manoel Pedro das Dores Bombinho é “uma preciosidade cuja publicação é imperativa”, afirma Walnice Nogueira Galvão.
Meu bisavô participou da Guerra de Canudos e assistiu a sua porção crucial, constituída pelos últimos meses, no ano de 1897. Como diz a prefacista do livro que ele escreveu “Canudos, história em versos”, não se baseou em reminiscências tardias, mas escreveu simultaneamente à guerra, concluindo no ano seguinte a composição de seis mil versos!
Pode ser que ele, como também gostava de música e foi co-fundador de uma filarmônica em Sergipe, tenha feito alguma coisa na escola, revelando desde cedo seus dotes artísticos. Recitava poemas, fazia dramatizações, combinava de dar uma aula com apresentações teatrais, escrevia poesia. Mas, é só uma hipótese.
O fato é que o Teatro e todas as suas nuances e interfaces pode até ser aprendido. Afinal, ele requer uma série de técnicas que quando dominada pelo ator, consegue arrancar lágrimas, risos e aplausos da plateia. Nem todo mundo que é engraçado aprende a fazer Teatro. É comum receber alunos brincalhões que foram recomendados pelos pais ou parentes a fazer Teatro porque ele ou ela faz todo mundo rir. E, cai-se no conceito de que fazer Teatro é o mesmo que ser cômico.
Teatro requer, acima de qualquer regra, concentração. Ou você pensa que é fácil dominar uma plateia inteira enquanto você declama um verso ou dita seu texto? Sobretudo, quando todas as atenções estão voltadas para você? Teatro exige treino, muito exercício, prática, determinação. Não foi feito para qualquer um. Isso eu posso afirmar. Há quem brinque com Teatro, que faz dele um meio de vida, de comércio. Nada contra. Só acho que ele devia ser visto não apenas como um meio, mas um processo capaz de mudar e transformar as pessoas que o conhecem.
Há ainda aqueles que fazem do Teatro um laboratório, um instrumento de experimentação, dirigido pelas idiossincrasias de seu diretor ou pelos devaneios de um grupo. E, existem os que encontram no Teatro o caminho para revelação de sua essência, de seu modo de ser e ver. Eu poderia até citar outros artistas que vêm o Teatro como um deus, uma presença inigualável, uma criação única e ímpar. O fato é que, falar de Teatro requer, pelo menos, experiência. E esta é indiscutível quando se trilha pelo caminho das descobertas e das possibilidades que só o Teatro é capaz de revelar.
Não acredita? Faça Teatro.

2 comentários:

  1. você é professor, certo? eu sempre quis fazer teatro mas acho dificil começar aqui. o que você recomenda?

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  2. Bem, João. Ilhéus tem apenas dois cursos de teatro em funcionamento. O nosso que já está na segunda fase e termina em novembro. E o da Casa dos Artistas, com Tânia Barbosa, que está começando. A única dificuldade que eu vejo aqui é a escassez de cursos. Mas, aqui ainda é um bom lugar para começar. Primeiro porque existem profissionais qualificados que podem lhe dar uma boa base de interpretação. Você pode assistir a uma de nossas aulas, sem compromisso. A gente se reúne no Teatro Municipal de Ilhéus, sempre às 19h, toda segunda-feira.

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