Às vezes eu paro e penso: de onde vem meu fascínio
pelo Teatro? Não tenho nenhum registro de algum membro da família que tenha
participado de um grupo ou feito alguma peça na escola. Sei apenas que meu
bisavô gostava de escrever. E como gostava. O poema de Manoel Pedro das Dores
Bombinho é “uma preciosidade cuja publicação é imperativa”, afirma Walnice
Nogueira Galvão.
Meu bisavô participou da Guerra de Canudos e
assistiu a sua porção crucial, constituída pelos últimos meses, no ano de 1897.
Como diz a prefacista do livro que ele escreveu “Canudos, história em versos”,
não se baseou em reminiscências tardias, mas escreveu simultaneamente à guerra,
concluindo no ano seguinte a composição de seis mil versos!
Pode ser que ele, como também gostava de música e foi
co-fundador de uma filarmônica em Sergipe, tenha feito alguma coisa na escola,
revelando desde cedo seus dotes artísticos. Recitava poemas, fazia
dramatizações, combinava de dar uma aula com apresentações teatrais, escrevia
poesia. Mas, é só uma hipótese.
O fato é que o Teatro e todas as suas nuances e
interfaces pode até ser aprendido. Afinal, ele requer uma série de técnicas que
quando dominada pelo ator, consegue arrancar lágrimas, risos e aplausos da
plateia. Nem todo mundo que é engraçado aprende a fazer Teatro. É comum receber
alunos brincalhões que foram recomendados pelos pais ou parentes a fazer Teatro
porque ele ou ela faz todo mundo rir. E, cai-se no conceito de que fazer Teatro
é o mesmo que ser cômico.
Teatro requer, acima de qualquer regra, concentração.
Ou você pensa que é fácil dominar uma plateia inteira enquanto você declama um
verso ou dita seu texto? Sobretudo, quando todas as atenções estão voltadas
para você? Teatro exige treino, muito exercício, prática, determinação. Não foi
feito para qualquer um. Isso eu posso afirmar. Há quem brinque com Teatro, que
faz dele um meio de vida, de comércio. Nada contra. Só acho que ele devia ser
visto não apenas como um meio, mas um processo capaz de mudar e transformar as
pessoas que o conhecem.
Há ainda aqueles que fazem do Teatro um
laboratório, um instrumento de experimentação, dirigido pelas idiossincrasias
de seu diretor ou pelos devaneios de um grupo. E, existem os que encontram no
Teatro o caminho para revelação de sua essência, de seu modo de ser e ver. Eu
poderia até citar outros artistas que vêm o Teatro como um deus, uma presença
inigualável, uma criação única e ímpar. O fato é que, falar de Teatro requer,
pelo menos, experiência. E esta é indiscutível quando se trilha pelo caminho
das descobertas e das possibilidades que só o Teatro é capaz de revelar.
Não acredita? Faça Teatro.
você é professor, certo? eu sempre quis fazer teatro mas acho dificil começar aqui. o que você recomenda?
ResponderExcluirBem, João. Ilhéus tem apenas dois cursos de teatro em funcionamento. O nosso que já está na segunda fase e termina em novembro. E o da Casa dos Artistas, com Tânia Barbosa, que está começando. A única dificuldade que eu vejo aqui é a escassez de cursos. Mas, aqui ainda é um bom lugar para começar. Primeiro porque existem profissionais qualificados que podem lhe dar uma boa base de interpretação. Você pode assistir a uma de nossas aulas, sem compromisso. A gente se reúne no Teatro Municipal de Ilhéus, sempre às 19h, toda segunda-feira.
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