"O ator curioso é aquele que investiga, ler e descobre a historicidade de cada personagem por ele criado." Pawlo Cidade

sábado, 16 de abril de 2011

TEATRO, PAIXÃO E TABLADO


O que é teatro? Pergunta Augusto Boal. O teatro, através dos séculos, tem sido definido de mil maneiras diferentes. De todas, a que parece a mais simples e a mais essencial é a definição dada por Lope de Vega para quem o teatro é um tablado, dois seres humanos e uma paixão: o teatro é um combate apaixonado de dois seres humanos em cima de um tablado.

Dois seres - e não um só! - porque o teatro estuda as múltiplas relações entre homens e mulheres vivendo em sociedade, e não se limita à contemplação de cada indivíduo solitário, tomado isoladamente. Teatro é conflito, contradição, confrontação, enfrentamento. E a ação dramática é o movimento dessa equação, dessa medição de forças. Os monólogos só serão teatrais - só serão teatro - se o antagonista estiver pressuposto, embora ausente. Se a ausência estiver presente...

A paixão é necessária: o teatro, como arte, não se preocupa com o trivial e corriqueiro, o sem valor, mas sim com as ações nas quais os personagens investem e arriscam suas vidas e sentimentos, opções morais e políticas: suas paixões! Uma paixão é uma pessoa ou ideia que vale, para nós, mais do que a nossa própria vida.


E o tablado? Quando fala em tablado, Lope de Vega reduz todos os teatros, todas as arquiteturas teatrais existentes, à sua expressão mais simples, mais elementar: um espaço destacado dos demais espaços, um "lugar de representação". O tablado tanto pode ser uma plataforma em praça pública quanto um palco à italiana, teatro isabelino ou corral espanhol; pode ser hoje a arena como foi ontem a cena grega...

("O Arco-íris do desejo - Método Boal de Teatro e Terapia", Augusto Boal, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro: 1996, pp.30) 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante. Obrigado!