“Quando um
ator interpreta um ato de liberação, o faz no lugar do espectador, e provoca a
catarse...”
Augusto Boal
AULA 5 – ENTRE MULETAS, RUBRICAS E OBJETOS
Na penúltima aula desta oficina rápida de teatro dei início falando que Augusto Boal
sempre enfatizou que entre todas as nossas mecanizações, a maneira de andar é,
talvez, a mais frequente. Sempre gostei das caminhadas porque elas – como ele
mesmo afirma – “demonstra nossa maneira individual de andar, muito particular
em cada um de nós, sempre igual, quer dizer, mecanizada.” No Teatro, andar,
comer, cantar, falar, gesticular é sempre um novo aprendizado. Afinal, não
estamos aqui para representar a vida, mas para interpretá-la.
Primeiro momento. Aquecimento através de caminhadas: corrida
em câmera lenta, ângulo reto (nádegas), caranguejo, pernas cruzadas, macaco,
andar de quatro, passo de elefante, passo de canguru, inclinados uns sobre os
outros, como quiserdes.
Segundo momento. O diretor abre uma discussão sobre a
linguagem teatral do ponto de vista das ações e situações vividas em cena. Em
seguida apresenta alguns elementos que servirão de “muleta” para a improvisação
de cada um. Muleta é quando se usa um objeto de cena para se obter confiança ou
“entrar no personagem.”
Terceiro momento. Trabalhando o objeto. O diretor utilizou
alguns jogos de Viola Spolin para falar sobre a importância dos objetos em
cena. A intenção era fazer com que o objeto indicado se tornasse peça
fundamental da situação-problema que foi apresentada. Na sequência, ouve o
inverso. O objeto passou a ser apenas “mera peça de cenário”, mas conservou sua
importância na situação.
O SIGNIFICADO DO OBJETO, POR VIOLA SPOLIN:
Objeto e
Ponto de Concentração podem ser usados alternadamente; coloca o ator em movimento;
usado para jogar, como uma bola, entre os jogadores; o envolvimento com o
objeto torna possível o relacionamento entre atores; foco mútuo numa realidade
exterior (a corda entre os atores); uma técnica para evitar a resposta
subjetiva do ator; meditação; um problema mútuo que permite liberdade de auto
expressão ao solucioná-lo; o trampolim para o intuitivo; a fiscalização de um
objeto, sentimento ou acontecimento estabelecendo, a partir dos quais a cena
emerge.
Fontes desta
aula:
SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro. São
Paulo: Perspectiva, 1992.
BOAL, Augusto. Jogos para atores e não-atores.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.
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