"O ator curioso é aquele que investiga, ler e descobre a historicidade de cada personagem por ele criado." Pawlo Cidade

domingo, 19 de junho de 2011

AULA 14 - DICÇÃO - Retórica, Declamação e Respiração

Cena do filme: "O Discurso do Rei"

Em termos gerais, podemos dizer que DICÇÃO é a maneira de dizer as palavras, visando especialmente à clareza de seus significados. 

Num sentido arcaico é a maneira de dizer e de compor um texto de acordo com certa disposição de ideias e palavras. O pressuposto da boa dicção poética é que existe um estilo e uma escolha de palavras especificamente poéticas. A dicção tem dois modos principais: o relato (poesia e narrativa) e a "imitação" do discurso das personagens dramáticas.

Maneira também de pronunciar um texto em prosa ou em verso. Arte de pronunciar um texto com a elocução, a entonação e o ritmo convenientes (declamação). A forma de dicção varia segundo as épocas, sendo o critério mais frequente seu caráter verossímil (realista) ou artístico (dicção alterada, prosódica ou rítmica). Com efeito, a dicção de um texto oscila sempre entre o som e o sentido, entre o grito espontâneo (a psicologia) e a construção retórica (o procedimento literário).

Na dicção, a respiração é fundamental. É um ato reflexo e inconsciente; na sua função fônica é a base vital da palavra, pois o som vocal depende de uma força motora que é o ar expelido pelos pulmões.

O gesto respiratório compreende dois tempos: inspiração e expiração. Na inspiração, o tórax dilata-se e o ar penetra nos pulmões; na expiração o ar é expulso por um movimento inverso. Esses movimentos de dilatação e contração são efetuados pelos músculos inspiradores e expiradores cujo principal é o diafragma que, contraindo-se, perde a sua curvatura abaixando-se e aumentando a cavidade torácica no sentido vertical; os outros músculos afastam as costelas flutuantes e elevam o osso esterno, aumentando os diâmetros transversal e ântero-posterior do tórax. Os pulmões aderem pelas pleuras à caixa torácica seguem passivamente esses movimentos de dilatação e contração.

Veja abaixo um exercício de dicção para articulação das consoantes. Texto de Emílio de Menezes:

- Parece peta. A Pepa aporta à praça
e pede ao Pupo que lhe passe o apito.
Pula do palco e, pálida, perpassa
por entre um porco, um pato e um periquito.

Após, papando, em pé, pudim com passa,
depois de paios, pombos e palmito,
precípite, por entre a populaça,
passa, picando a ponta de um palito.

Peças compostas por um poeta pulha,
que a papalvos perplexo empulha,
prestando apenas pra apanhar os paios...

Permuta a Pepa por pastéis, pamonha...
- Que a Pepa apupe o Pupo e à popa ponha
papas, pipas, pepinos, papagaios!

A aula 14 é nesta segunda-feira, dia 20, no Teatro Municipal de Ilhéus, encerrando a primeira parte da Oficina de Interpretação Teatral, promovida pela Secretaria de Educação e Fundação Cultural de Ilhéus, sob a coordenação do Professor Pawlo Cidade.

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