"O ator curioso é aquele que investiga, ler e descobre a historicidade de cada personagem por ele criado." Pawlo Cidade

terça-feira, 3 de junho de 2014

A OFICINA "TEATRO PRA NÓS" TEVE INÍCIO ONTEM DISCUTINDO A FUNÇÃO DO ATOR


“O sobrenatural é tudo que fica fora do círculo luminoso de sua fogueira.”


A FOGUEIRA E A ENERGIA FOCALIZADA

Na primeira aula de ontem o espaço foi dividido em seis momentos. Vejam como foram as etapas que ajudaram a discutir a função do ator e o propósito de estar no palco.

Primeiro momento. Todos sentados, no chão, em círculo, falam sobre sua vinda, seu desejo, seu estar ali e agora. Dizem como gostam de ser chamados, de ser identificados. À medida que fazem isso o diretor coloca um adesivo com o apelido ou nome no peito do ator.

Segundo momento. O diretor diz que há uma fogueira no centro do círculo. Todos devem estender os braços para o centro do círculo, com as mãos abertas como que estivessem aquecendo-se numa fogueira. O diretor então vai falar do calor, do convívio, da energia que “a fogueira” no centro do círculo vai transmitindo para cada um deles.

Terceiro momento. Após o “aquecimento”, eles então apertam as mãos de cada um dos companheiros da esquerda e da direita e ainda de mãos dadas deitam para fora do círculo, sem soltar as mãos. Neste momento, a ponta dos pés deve tocar a ponta dos pés do companheiro da direita e da esquerda. Imaginam então que uma grande corrente sanguínea percorre todos os corpos. A princípio, lentamente, depois, velozmente.

Quarto momento. Todos voltam à posição de relaxamento, sentam-se. O grupo é separado em dois. O diretor dá a seguinte instrução: “Vocês olham para nós.” “Nós olhamos para vocês.” Após um tempo o diretor dá ao grupo do palco uma tarefa para realizar. Eles só devem parar quando o diretor disser para parar. Quando todos estiverem relaxados fisicamente, poderão parar. Então o grupo troca de lugar com a plateia. E o diretor não diz que dará a ordem para que façam alguma coisa. Após o exercício, voltam para o círculo e discutem como se sentiram.

P = Como os atores pareciam nos primeiros momentos em que estavam no palco?
P = Como você sentiu seu coração?
P = Como você se sentiu quando estava contando os objetos da sala?

Alguma coisa para fazer = energia focalizada = Ponto de Concentração= Problema de Atuação.

Quinto momento: Método Evolutivo. O diretor pede para cada um ocupar um espaço da sala. Em seguida, cada um deve realizar um gesto simples, cotidiano, como abrir uma porta. Tempo. Ao passo que “abre a porta”, ele “segura uma mala.” Ao mesmo tempo que “abre a porta” e “segura a mala”, tenta “matar uma barata” e assim sucessivamente, até evoluir para algo mais complexo indicado pelo diretor. Debate.

Sexto momento: Método das transferências. O diretor propõe uma técnica corporal qualquer, como por exemplo, “dormir.” Fala de diferentes formas de dormir. Em seguida, pede que cada um acrescente uma expressão dramática que possa justificar a “dormida”, transferindo assim a dinâmica da natureza para a personagem e a situação. Debate.


Quer saber mais profundamente sobre as questões acima? Veja as referências:

DELACY, Monah. Introdução ao Teatro. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
VIOLA, Spolin. Improvisação para o teatro. São Paulo: Perspectiva, 3ª. ed, 1992.
LECOQ, Jacques. O corpo poético: uma pedagogia da criação teatral. São Paulo: Editora Senac São Paulo: Edições SESC SP, 2010.
BOAL, Augusto. Jogos para atorese não-atores. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.
CHECOV, Michael. Para o ator. São Paulo: Edito WMF Martins Fontes, 2010.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante. Obrigado!