"O ator curioso é aquele que investiga, ler e descobre a historicidade de cada personagem por ele criado." Pawlo Cidade

quarta-feira, 4 de junho de 2014

A PEDAGOGIA DO MOVIMENTO


“Você passa sua vida numa gota d´água e vê o mundo!”
Jacques Lecoq

AULA 2 – A PEDAGOGIA DO MOVIMENTO

Primeiro momento. Todos em pé, em círculo. Aos poucos começam a puxar alguma coisa de dentro do círculo para fora. Pode ser qualquer coisa. O movimento alterna entre puxar e empurrar o objeto que vai ficando cada vez mais pesado. Cada um tem seu tempo para mover o objeto. Quando todos tiverem movido o objeto. Relaxam.

Segundo momento. Por trás deste objeto havia uma porta. “Vocês voltam, depois de um longo período, para rever seu quarto de quando eram pequenos. Fizeram uma longa viagem para isso... Vocês param diante da porta e abrem. Como vão abri-la? Como entrarão? Vocês redescobrem o quarto: nada mudou. Cada objeto está em seu lugar. Vocês encontram todas as suas coisinhas de quando eram pequenos: os brinquedos, os móveis, a cama. Essas imagens do passado voltam até vocês, até o momento em que o presente reaparece. E aí vocês deixam o quarto.” Debate

Terceiro momento. Parte A: O grupo é dividido em dois. O primeiro vai para o palco. O diretor então diz que todos estão no ponto à espera do ônibus. Nenhum deles se conhece. Todos são estranhos no ponto de ônibus. E todos devem se concentrar na espera. Tempo. O diretor pede então que eles peguem o ônibus. Fim do exercício.

P = Eles conseguiram mostrar que estavam esperando? Que parte do corpo mais demonstrava espera em fulano? E em beltrano? Quando estamos em espera, o corpo todo está em repouso?
Parte B: O grupo que apenas observou vai para a plateia. Neste momento, o diretor dá outra instrução. Cada um estará esperando algo ou alguém, não mais o ônibus. Como agora sabem que todo corpo “espera”, eles devem explorá-lo. Ao fim do exercício, um novo debate.
P = Como foi a reação deles ao saber que não mais esperariam o ônibus? O que cada um deles conseguiu mostrar?

Quarto momento. Cada ator escolhe um espaço. Ele pode deitar, ficar em pé ou sentar. A partir deste momento, suas mãos e braços devem exercer uma função. Enquanto seus pés e braços devem seguir funções opostas. Ambos, ao mesmo tempo. O exercício deve ser praticado até a exaustão.

Quinto momento. Em dupla, eles ficam de costas e começam a se massagear. Ao sinal do diretor, eles trocam de dupla até que todos tenham passado por todos.

Sexto momento. Eles sentam na plateia. O diretor pede que dois atores dirijam-se ao palco. Estes estão na rua e de repente se cruzam, param pelo olhar, e cria-se uma situação dramática silenciosa após o cruzamento. Depois, uma terceira pessoa passa e observa as duas primeiras. Em seguida, uma quarta, que olha as três primeiras... O diretor então para o exercício e debate a dinâmica do movimento a partir do olhar.

Sétimo momento. O diretor escolhe dois atores. Eles estarão num café. Eles não se conhecem. De repente, um deles faz um gesto e o outro para não ser mal educado responde.  O primeiro então começa a fazer vários gestos engraçados, deixando o outro sem graça até que finalmente se levanta e vai até o outro. Entretanto, o diretor disse ao primeiro que ele deverá passar direto e abraçar alguém da plateia deixando o outro – que não deve saber desta mudança brusca da cena – sem graça. Debate.


NOTA: Entregar texto de Michael Chekhov para leitura.
Fonte: Aula 2 da Oficina Teatro Pra Nós, realizada no dia 03/06/2014.

Quer saber mais?

DELACY, Monah. Introdução ao Teatro. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
VIOLA, Spolin. Improvisação para o teatro. São Paulo: Perspectiva, 3ª. ed, 1992.
LECOQ, Jacques. O corpo poético: uma pedagogia da criação teatral. São Paulo: Editora Senac São Paulo: Edições SESC SP, 2010.
BOAL, Augusto. Jogos para atorese não-atores. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.
CHECOV, Michael. Para o ator. São Paulo: Edito WMF Martins Fontes, 2010.

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