"O ator curioso é aquele que investiga, ler e descobre a historicidade de cada personagem por ele criado." Pawlo Cidade

quinta-feira, 5 de junho de 2014

CORPO E PSICOLOGIA DO ATOR


“... A verdadeira tarefa do artistas criativo não é só copiar a aparência exterior de vida mas interpretar a vida em todas as suas facetas e em toda a sua profundidade, mostrar o que está por trás dos fenômenos da vida, deixar que o espectador olhe mais além das superfícies e dos significados da vida.”
Michael Chekhov

AULA 3 – CORPO E PSICOLOGIA DO ATOR

Primeiro momento. Todos estão em círculo e um ato no centro começa um movimento, e todos os outros ao redor dele devem ajudá-lo a completar este movimento. Exemplo: ele levanta um pé, alguém coloca seu próprio joelho sob esse pé para que ele suba. O ator faz o que quer, e os outros o ajudam a se levantar, a rolar, a se alongar, a subir, a escalar etc.  O ator deve se mover lentamente, para permitir que os outros tenham tempo para descobrir suas intenções só com o olhar. O exercício termina quando todos tiverem ido ao centro do círculo.

Segundo momento. O diretor dá início a uma série de exercícios para o corpo baseados em três pré-requisitos de preparação corporal: 1) sensibilidade; 2) riqueza da própria psicologia; 3) completa obediência do corpo e da psicologia ao ator.
Exercício 1 – Movimentos amplos, mas simples, usando o máximo de espaço a sua volta.
Exercício 2 – Imagine que existe dentro do seu peito um centro de onde fluem os impulsos para todos os seus movimentos. Envie esse poder para a cabeça, braços, mãos, torso, pernas e pés.
Exercício 3 – MOLDAGEM. Tal como o exercício 1, faça fortes e amplos movimentos com todo o seu corpo. Mas agora diga a si mesmo: “À semelhança  de um escultor, eu moldo o espaço que me cerca. No ar a minha volta deixo formas que parecem cinzeladas pelos movimentos do meu corpo.”
Exercício 4 – FLUTUAÇÃO. Repita os movimentos largos e amplos dos exercícios anteriores, utilizando o corpo todo; depois mude para os simples movimentos naturais e, finalmente, exercite-se somente com as mãos e os dedos. Considere seus movimentos como pequenas peças de arte.
Exercício 5 – VOO. Imagine todo o seu corpo voando através do espaço. Psicologicamente, você deve manter constante seu vigor, podendo permanecer numa posição estática exteriormente mas conservando no íntimo o sentimento de estar ainda pairando nas alturas.
Exercício 6 – IRRADIAÇÃO. Inicie este exercício, como sempre, com os movimentos vastos e amplos; passe então aos movimento simples, naturais, sugeridos a seguir. Erga o braço, abaixe-o, estenda-o para a frente, para o lado; caminhe pela sala, deite-se, sente-se, levante-se etc. mas continuamente e de antemão, envie os raios de seu corpo para o espaço a sua volta, na direção do movimento que estiver fazendo, e depois de o movimento ter sido executado.

Terceiro momento. O diretor apresenta as quatro qualidades que o artista deve colocar em sua criação: Desenvoltura, Forma, Beleza e Integridade. Corpo e fala do ator devem estar imbuídos destas quatro qualidades. “Seu corpo deve tornar-se uma peça de arte em si mesmo, deve adquirir essas quatro qualidades, deve vivenciá-las interiormente.” Debate.

Quarto momento. O diretor divide a sala em duas partes. Pede que cada um passe de uma parte, que representa os bastidores, para a outra, que representa o próprio palco, e tente estabelecer o momento de aparição diante do público imaginário como um começo significativo. Mantenha imóvel diante do “público” e diga uma ou duas frases, fazendo de conta que está representando um papel; depois, saia do “palco” como se o desaparecimento fosse um final definitivo. Debate.

Fonte desta aula:

CHECOV, Michael. Para o ator. São Paulo: Edito WMF Martins Fontes, 2010.


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