"O ator curioso é aquele que investiga, ler e descobre a historicidade de cada personagem por ele criado." Pawlo Cidade

domingo, 8 de junho de 2014

O SIGNIFICADO DO OBJETO


“Quando um ator interpreta um ato de liberação, o faz no lugar do espectador, e provoca a catarse...”
Augusto Boal


AULA 5 – ENTRE MULETAS, RUBRICAS E OBJETOS

Na penúltima aula desta oficina rápida de teatro dei início falando que Augusto Boal sempre enfatizou que entre todas as nossas mecanizações, a maneira de andar é, talvez, a mais frequente. Sempre gostei das caminhadas porque elas – como ele mesmo afirma – “demonstra nossa maneira individual de andar, muito particular em cada um de nós, sempre igual, quer dizer, mecanizada.” No Teatro, andar, comer, cantar, falar, gesticular é sempre um novo aprendizado. Afinal, não estamos aqui para representar a vida, mas para interpretá-la.

Primeiro momento. Aquecimento através de caminhadas: corrida em câmera lenta, ângulo reto (nádegas), caranguejo, pernas cruzadas, macaco, andar de quatro, passo de elefante, passo de canguru, inclinados uns sobre os outros, como quiserdes.

Segundo momento. O diretor abre uma discussão sobre a linguagem teatral do ponto de vista das ações e situações vividas em cena. Em seguida apresenta alguns elementos que servirão de “muleta” para a improvisação de cada um. Muleta é quando se usa um objeto de cena para se obter confiança ou “entrar no personagem.”

Terceiro momento. Trabalhando o objeto. O diretor utilizou alguns jogos de Viola Spolin para falar sobre a importância dos objetos em cena. A intenção era fazer com que o objeto indicado se tornasse peça fundamental da situação-problema que foi apresentada. Na sequência, ouve o inverso. O objeto passou a ser apenas “mera peça de cenário”, mas conservou sua importância na situação.

O SIGNIFICADO DO OBJETO, POR VIOLA SPOLIN:

Objeto e Ponto de Concentração podem ser usados alternadamente; coloca o ator em movimento; usado para jogar, como uma bola, entre os jogadores; o envolvimento com o objeto torna possível o relacionamento entre atores; foco mútuo numa realidade exterior (a corda entre os atores); uma técnica para evitar a resposta subjetiva do ator; meditação; um problema mútuo que permite liberdade de auto expressão ao solucioná-lo; o trampolim para o intuitivo; a fiscalização de um objeto, sentimento ou acontecimento estabelecendo, a partir dos quais a cena emerge.


Fontes desta aula:

SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro. São Paulo: Perspectiva, 1992.

BOAL, Augusto. Jogos para atores e não-atores. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.

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